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23 setembro, 2015

VW admite fraude em 11 milhões de carros

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CEO Martin Winterkorn pode deixar o cargo por causa do problema
Grupo Volkswagen anunciou que vai reservar € 6,5 bilhões de seus resultados no terceiro trimestre do ano para arcar com o esperado impacto de uma crise que ganha força dentro da companhia. O conglomerado alemão admitiu na terça-feira, 22, que vendeu em torno de 11 milhões de veículos equipados com software que frauda o controle de emissões em motores diesel. A suspeita é que a tecnologia detecta quando o carro está em teste para reduzir o nível de apenas poluentes naquele momento. Em circulação normal, no entanto, os automóveis emitem bem mais gases nocivos do que o permitido pela legislação.

Sem entrar em detalhes, a Volkswagen aponta que os carros foram vendidos em vários países do mundo. Mas o escândalo começou na semana passada quando a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, a EPA, constatou a presença do dispositivo em quase 500 mil veículos de várias marcas da companhia, incluindo modelos como os Volkswagen Jetta e Golf e o Audi A3. O órgão apontou que o nível de emissões de óxido de nitrogênio destes carros chegava a ser 40 vezes maior do que o autorizado (leia aqui). 

Depois de ser acusada nos Estados Unidos e de admitir a infração, a companhia passou a ser alvo de investigação na Europa também. Martin Winterkorn, CEO do grupo, desculpou-se publicamente e declarou que a empresa vai colaborar com a apuração do caso, sem no entanto reconhecer ou negar a fraude. A chefe de estado na Alemanha, Angela Merkel, é pressionada para colocar esforços no esclarecimento do problema. “Espero que os fatos sejam colocados na mesa o mais rápido possível”, declarou ela em coletiva de imprensa em Berlim.

O ministro dos Transportes da Alemanha, Alexander Dobrindt, organizou comissão investigativa para trabalhar no caso. Ainda nesta semana o grupo pretende fazer uma visita à matriz da Volkswagen na cidade alemã de Wolfsburg.

CREDIBILIDADE ABALADA 

Apesar de a Volkswagen ter reservado € 6,5 bilhões para arcar com os custos que a fraude pode gerar entre multas e processos, ainda não é possível calcular com precisão o impacto do problema. A própria companhia já admitiu que este montante pode ser revisto, com consequente mudança na expectativa de lucro em 2015 e anos à frente. Apenas nos Estados Unidos, onde 482 mil automóveis com o problema podem ter sido vendidos, as multas podem chegar a US$ 37,5 mil por unidade, o que resultaria num total de US$ 18 bilhões a pagar. 

O escândalo tem potencial para abalar seriamente os resultados e o tamanho da companhia. Mais ágil, o mercado de capitais já reagiu bem mal à notícia. Na manhã da terça-feira, 22, as ações do Grupo VW sofreram queda de cerca de 20% na bolsa de valores alemã, com perda de quase € 13 bilhões de valor de mercado.

A venda de carros que burlam o controle de emissões traz forte dano à imagem da fabricante de veículos. Há receio ainda de que a infração não afete apenas as marcas do Grupo, mas os produtos alemães de forma geral. 

A fraude da Volkswagen também ecoa em outros mercados. França, Coreia do Sul e Itália já anunciaram que pretendem apurar se os carros vendidos pela empresa nestas regiões respeitam os limites de emissões. Há ainda um movimento, principalmente na Europa, para estender as investigações a outras montadoras e marcas de carros para checar se a legislação é respeitada.

WINTERKORN PODE SAIR

A Volkswagen nega, mas a imprensa alemã aponta que o CEO Martin Winterkorn pode deixar o cargo nos próximos dias. Ele foi responsável pela área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) global do grupo entre 2007 e 2015, justamente no período em que foram vendidos carros com sistemas de emissão que desrespeitavam a legislação dos Estados Unidos. 

Os jornais da região enfatizam que o caso respinga no executivo de qualquer forma: ou ele sabia, ou aconteceu durante sua gestão sem que tomasse conhecimento, o que coloca a sua liderança em questão.

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