9 dezembro, 2014
Diz-se que quando se sai do tema habitual de um espaço numa revista, o assunto é “off topic”. Nesta edição, vou pedir licença para tratar de outro tema e não de pneus.
Quem vive para lá e para cá viajando pelo Brasil conhece as rodovias federais, as BRs. Mas como é que “nasce” a identificação de cada uma? Existe uma regra ou vai do gosto de quem está inaugurando a obra?
Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT, a nomenclatura definida pela sigla BR significa que a rodovia é federal, seguida por três algarismos.
O primeiro indica a categoria da rodovia, e os dois outros algarismos definem a posição a partir da orientação geral da rodovia, relativamente à Capital Federal e aos limites do País (Norte, Sul, Leste e Oeste). Assim, as rodovias federais podem ser classificadas em radiais, longitudinais, transversais, diagonais e rodovias de ligação.
Rodovias radiais são as que partem da Capital Federal em direção aos extremos do País. O primeiro algarismo é zero. Os outros dois podem variar de 05 a 95 segundo a razão numérica 05 e no sentido horário (ex. BR-040).
Rodovias longitudinais são as que cortam o País de Norte a Sul. O primeiro algarismo é 1. Os outros dois variam de 00, no extremo Leste do País, a 50, na Capital, e de 50 a 99, no extremo Oeste. O número de uma rodovia longitudinal é obtido por interpolação entre 00 e 50, se a rodovia estiver a Leste de Brasília, e entre 50 e 99 se estiver a Oeste, em função da distância da rodovia ao meridiano da Capital Federal. Exemplos: BR-101, BR-153, BR-174.
Rodovias transversais são as que cortam o País na direção Leste a Oeste. O primeiro algarismo é 2. Os outros dois variam de 00, no extremo Norte do País, a 50, na Capital Federal, e de 50 a 99 no extremo Sul.
O número de uma rodovia transversal é obtido por interpolação, entre 00 e 50, se a rodovia estiver ao Norte da Capital, e entre 50 e 99, se estiver ao Sul, em função da distância da rodovia ao paralelo de Brasília. Exemplos: BR-230, BR-262, BR-290.
Rodovias diagonais podem apresentar dois modos de orientação: Noroeste-Sudeste ou Nordeste-Sudoeste. O primeiro algarismo é 3. Para os outros dois, as diagonais orientadas na direção geral NO-SE a numeração varia seguindo números pares, de 00, no extremo Nordeste do País, a 50 em Brasília, e de 50 a 98, no extremo Sudoeste. Obtém-se o número da rodovia mediante interpolação entre os limites consignados, em função da distância da rodovia a uma linha com a direção Noroeste-Sudeste, passando pela Capital Federal. Exemplos: BR-304, BR-324, BR-364.
Nas diagonais orientadas na direção geral NE-SO, a numeração varia segundo números ímpares, de 01 no extremo Noroeste do País, a 51 em Brasília, e de 51 a 99, no extremo Sudeste. Obtém-se o número aproximado da rodovia mediante interpolação entre os limites consignados, em função da distância da rodovia a uma linha com a direção Nordeste-Sudoeste, passando pela Capital Federal. Exemplos: BR-319, BR-365, BR-381.
Rodovias de ligação apresentam-se em qualquer direção, geralmente ligando rodovias federais, ou pelo menos uma rodovia federal, a cidades ou pontos importantes ou ainda a nossas fronteiras internacionais. O primeiro algarismo é 4. Para os outros dois, a numeração varia entre 00 e 50 se a rodovia estiver ao Norte do paralelo da Capital Federal, e entre 50 e 99 se estiver ao Sul desta referência. Exemplos: BR-401 (Boa Vista/RR – Fronteira BRA/GUI), BR-407 (Piripiri/PI – BR-116/PI e Anagé/PI), BR-470 (Navegantes/SC – Camaquã/RS), BR-488 (BR-116/SP – Santuário Nacional de Aparecida/SP).
A quilometragem das rodovias não é cumulativa de uma Unidade da Federação para a outra. Toda vez que uma rodovia inicia dentro de um novo estado, sua quilometragem começa novamente a ser contada a partir de zero. O sentido da quilometragem segue sempre o sentido descrito na Divisão em Trechos do Plano Nacional de Viação e, basicamente, é o que está abaixo:
• Rodovias Radiais – o sentido de quilometragem vai do Anel Rodoviário de Brasília em direção aos extremos do País, tendo o quilometro zero de cada estado no ponto da rodovia mais próximo à Capital Federal.
• Rodovias Longitudinais – o sentido de quilometragem vai do Norte para o Sul. As únicas exceções deste caso são as BR-163 e BR-174, que têm o sentido de quilometragem do Sul para o Norte.
• Rodovias Tranversais – o sentido de quilometragem vai do Leste para o Oeste.
• Rodovias Diagonais – a quilometragem se inicia no ponto mais ao Norte da rodovia indo em direção ao ponto mais ao Sul. Como exceções, podemos citar as BR-307, BR-364 e BR-392.
• Rodovias de Ligação – geralmente, a contagem da quilometragem segue do ponto mais ao Norte da rodovia para o ponto mais ao Sul. No caso de ligação entre duas rodovias federais, a quilometragem começa na rodovia de maior importância.
É complicado, mas pelo menos existe uma regra clara.
Quanto às rodovias estaduais, é outra história. Cada estado tem autonomia para definir as próprias regras, mas, em geral, a numeração dos quilômetros tem na capital do estado o ponto de partida, ou a extremidade da rodovia que fique mais próxima da capital.
Comentários SOBRE ESTA NOTÍCIA