Notícias

28 março, 2018

Mercedes-Benz entra na era da indústria 4.0 no Brasil

() Comentários

Prestes a completar 62 anos, a fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo está passando por transformações tão grandes que sua antiguidade se relaciona apenas com seu tempo de operação. Com a inauguração este ano da nova linha de montagem final de caminhões, a planta entrou na era da Indústria 4.0 e se torna a mais moderna unidade de produção de veículos comerciais do Grupo Daimler em todo o mundo. 
 

“A nova linha de montagem é resultado da maior parte do investimento de R$ 500 milhões que fizemos no período 2015-2018, para a primeira fase de modernização de São Bernardo. Todas as nossas unidades no País vão adotar processos da indústria 4.0 até 2020”, afirmou Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil.


 

Schiemer lembrou que já estão programamos investimentos de R$ 2,4 bilhões até 2022, com boa parte dos recursos direcionada para a modernização industrial da fabricante no Brasil. O executivo destacou que os processos da indústria 4.0 aumentam significativamente a produtividade e a competitividade, com redução de custos. “Podemos fazer mais em menos tempo. Só a linha que inauguramos agora reduz em 15% o tempo para montar um caminhão”, diz. 

A nova linha 4.0 de montagem começou a funcionar em janeiro deste ano, instalada dentro de um antigo galpão logístico que estava sem uso e foi reformado. A unidade pode montar todos os caminhões da marca feitos no Brasil, incluindo as famílias Accelo, Atego e Axor. 

Com isso, houve grande economia de espaço, pois apenas um galpão substitui três outras linhas, duas que funcionavam em dois prédios diferentes da fábrica de São Bernardo (uma de caminhões pesados e outra de leves) e uma em Juiz de Fora (MG) – a planta mineira recebeu investimento de R$ 280 milhões e foi transformada para produzir e pintar cabines, mas ainda segue montando o extrapesado Actros, que também será transferido para o ABC paulista quando a nova geração do modelo for lançada no País, possivelmente com motorização Euro 6. 
 

LINHA CONECTADA E AUTOMATIZADA


 


Toda a montagem dos caminhões é feita em cima de carrinhos autônomos (AGVs) que “sabem” quais componentes e processos devem ser executados ao longo da linha.

“Somos o primeiro fabricante de caminhões a adotar a indústria 4.0 no País. Com processos conectados e automatizados, ganhamos flexibilidade e versatilidade para atender os clientes com mais velocidade. Podemos programar melhor todas as operações”, destacou Carlos Santiago, vice-presidente de operações da Mercedes-Benz do Brasil. 

Na indústria 4.0, todos os processos são conectados e se comunicam por sensores entre si no ambiente virtual. Com isso, cada etapa da produção pode ser acompanhada e ajustada em tempo real a partir dos computadores da engenharia de manufatura. Mais ainda, todas as fábricas de um fabricante podem trabalhar conectadas. É o que acontecerá com a Mercedes-Benz, que primeiro vai conectar as plantas de São Bernardo e Juiz de Fora e mais adiante as duas estarão ligadas em rede com todas as unidades de produção de veículos comerciais do Grupo Daimler no mundo. 

Na linha 4.0 de São Bernardo, todos os caminhões são montados sobre carrinhos autônomos (AGVs), que se movem sozinhos, seguindo uma faixa magnetizada no piso. Eles são dotados de inteligência artificial e programados para partir já “sabendo” de todos os componentes e processos que serão necessários para a montagem de cada modelo que vão carregar por todo o trajeto da linha. 

O próprio AGV confere tudo, desde o torque de aperto de cada parafuso no chassi até o tipo de motor/câmbio e cabine que o caminhão em montagem deve receber. Se algo faltar ou for feito errado no caminho, o carrinho simplesmente para de rodar. Com isso, pode se eliminar a auditoria final, pois tudo já foi checado durante o processo em portais de qualidade. 

Telas espalhadas na unidade podem ser acessadas a qualquer tempo pelos montadores para consultar sobre os processos de montagem de cada modelo. 

Bem ao lado da linha foram instaladas estantes para armazenamento vertical de peças, que são movimentadas por empilhadeiras com câmeras que reconhecem os componentes a serem transportados para cada etapa da produção. O estoque necessário, antes programado para oito a dez dias de produção, agora dura três dias, em média. Até 2019, quando todas as áreas estiverem integradas dentro dos processos da indústria 4.0, a estimativa é de ganho de 20% na rapidez de movimentação de peças na fábrica. 


No fim da linha de montagem o AGV se desconecta do caminhão

Gradualmente, até 2020 todas as áreas de São Bernardo serão transformadas em linhas de produção 4.0, incluindo as unidades de ônibus, motores e agregados, como eixos e transmissões. “Estaremos mais competitivos tanto para o mercado brasileiro, que deverá voltar ao nível de 120 mil caminhões/ano, quanto para atender as exportações que aumentaram significativamente sua importância, eram apenas 10% da produção em 2014 e hoje representam 40%”, afirmou Schiemer. 

PEDRO KUTNEY, AB

Comentários SOBRE ESTA NOTÍCIA
Voltar
LEIA TAMBÉM