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17 novembro, 2014

Altos e baixos do etanol em 39 anos

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A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) rememorou na sexta-feira, 14 de novembro, os39 anos de criação do Proálcool, o Programa Nacional do Álcool, considerado o maior e mais bem-sucedido programa mundial de substituição em larga escala dos combustíveis veiculares derivados de petróleo pelo etanol produzido a partir da cana-de-açúcar. A história dessa iniciativa, repleta de percalços, teve sua origem relacionada à primeira crise do petróleo em 1973, quando o mundo assistiu à disparada do preço do barril e começou a buscar alternativas. 

O objetivo do Proálcool era substituir gradativamente a frota de carros alimentada por combustíveis fósseis por motores que funcionavam com o biocombustível renovável. Recorda a Unica que no fim dos anos 70 a produção alcooleira atingiu um pico de 12,3 bilhões de litros e, naquela época, o Proálcool foi fundamental para que a nova crise mundial do petróleo, com nova elevação dos preços em 1979, tivesse impacto menor no Brasil. 

Na metade da década de 80, quando o preço do petróleo baixava e o do açúcar subia, o Proálcool começou a ruir, pois o álcool combustível passou a ser menos vantajoso economicamente para o consumidor e para o produtor. Por conta disso, esclarece a Unica, o combustível renovável começou a faltar regularmente nos postos e até as montadoras de automóveis passaram a desacreditar no projeto. 

A tecnologia flex, que permite abastecer os veículos com etanol ou gasolina em qualquer proporção, deu novo fôlego ao etanol. Em 2003 surgiu o primeiro veículo bicombustível no Brasil, um Volkswagen Gol 1.6, e a frota hoje supera 22 milhões de carros flex. Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, calcula que desde sua adoção no Brasil o etanol substituiu 2,3 bilhões de barris de gasolina, o equivalente a mais de 470 bilhões de litros do biocombustível. 

No entanto, a história recente indica uma reversão de expectativas. Enquanto entre 2004 e 2010 ocorreram investimentos expressivos, com a construção de uma centena de novas usinas e 400 empresas operavam com produção etanol, hoje o setor vive uma crise preocupante. No entender da Unica, a perda de competitividade do etanol promoveu um retrocesso no ciclo virtuoso de investimento e crescimento da indústria sucroalcooleira. Entre 2008 e 2013, mais de 70 plantas já fecharam as portas somente na região centro-sul e outras 12 unidades devem encerrar suas atividades em 2014. 

Em nota, a entidade assegura que a reversão do cenário atual “somente será alcançada a partir de uma política de longo prazo consistente, com a valorização de uma matriz energética diversificada e que reconheça as contribuições ambientais do etanol e da bioeletricidade”.
 
REDAÇÃO AB

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